Torres nega existência de provas de fraude e ite ‘falha grave’ em protocolo para conter 8/1
Ex-ministro do governo Bolsonaro afirmou, ainda, ter viajado tranquilo às vésperas dos ataques e que o ‘inimaginável’ aconteceu
Brasília|Do R7

O ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro da Justiça Anderson Torres negou nesta terça-feira (10) que o Ministério da Justiça tivesse provas de fraudes no sistema eleitoral brasileiro, afirmando que relatórios de inteligência enviados a ele somente sugeriam melhoria das urnas.
“Tecnicamente, não temos nada que aponte fraude nas urnas. Quando era questionado pelo presidente, sempre falava que não tinha nada sobre o assunto”, confirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) durante interrogatório dos réus no caso da tentativa de golpe de Estado.
Torres também afirmou ter ficado “cismado” com o acampamento montado em frente ao QG (Quartel-General) do Exército, mas que esperava que “o novo governo tirasse” as instalações e pessoas do local.
Torres narrou ter ficado “bastante preocupado” com a ocupação a partir de 12 de dezembro de 2022.
“Até então não havia tido nenhum ato violento. Mas depois da tentativa de invasão da sede da Polícia Federal eu fiquei, no mínimo, cismado com aquele acampamento. Eu esperava que o novo governo assumisse e imediatamente tirasse os acampamentos dali já nos primeiros dias, e isso não aconteceu”, disse.
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Por isso, segundo Torres, dois dias antes do 8 de Janeiro e às vésperas de uma viagem que teria aos Estados Unidos, Torres se reuniu com autoridades de segurança, momento em que assinou um protocolo de ação para impedir qualquer ataque às sedes dos Três Poderes.
“Vejo que houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo. [O documento] prevê tropas especializadas, isolamento da Praça dos Três Poderes, que é uma coisa muito séria”, disse, completando ter ficado “desesperado” ao ver a dimensão das invasões, já que tinha saído “tranquilo” de férias com a família.
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Dinâmica
Os interrogatórios dos réus do “núcleo 1″ começaram nessa segunda-feira (9), com as falas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e do deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem.
Veja imagens dos interrogatórios sobre tentativa de golpe de Estado
As audiências ocorrem na sala da Primeira Turma do STF, que conduz a ação penal do caso. O Supremo ainda precisa ouvir quatro réus:
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
Braga Netto é o único que será interrogado por videoconferência, visto que o militar está preso de forma preventiva desde dezembro de 2024.
Crimes dos réus
Quase todos os réus do “núcleo 1″ são acusados de cinco crimes:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça; e
- Deterioração de patrimônio tombado.
A única exceção é Alexandre Ramagem, que responde por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.
Por decisão do STF, a ação penal contra o deputado em relação aos outros dois crimes só vai ser analisada ao fim do mandato dele.
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