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R7 Brasília

Veja as principais alegações de Bolsonaro, Cid e demais réus em interrogatórios no STF

Investigados por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 foram ouvidos

Brasília|Gabriela Coelho, Giovanna Inoue e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

Mauro Cid, à esquerda, e Bolsonaro, à direita, foram ouvidos no STF Ton Molina/Fellipe Sampaio/STF - 09.06.2025 e 10.06.2025

O STF (Supremo Tribunal Federal) encerrou nessa terça-feira (10) os interrogatórios do chamado “núcleo 1″ por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Os oito réus foram ouvidos ao longo de dois dias e responderam perguntas do relator Alexandre de Moraes, do ministro Luiz Fux, do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e dos advogados. Veja abaixo os destaques.

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Foram ouvidos:

  • Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.

Jair Bolsonaro

Durante o interrogatório conduzido por Moraes, Bolsonaro reafirmou nunca ter tratado de golpe. “Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável”, afirmou.


“O golpe até seria fácil de começar. O day after [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia ar por uma experiência dessas”, analisou.

Bolsonaro disse ter tratado com militares apenas de medidas dentro da Constituição. Negou ter articulado uma tentativa de golpe de Estado, mas itiu ter buscado alternativas constitucionais para “atingir o objetivo que não foi alcançado no TSE”.


Leia mais: Bolsonaro nega golpe, mas ite conversas sobre reverter resultado das urnas

Bolsonaro também tentou justificar declarações sobre as urnas eletrônicas como parte de um histórico de críticas “dentro da legalidade” e não como um plano de ruptura institucional. Segundo ele, as dúvidas sobre as eleições não eram infundadas, mas sim alimentadas por manifestações legítimas.


“As críticas eram públicas. Mas nunca falei em fraude de forma leviana. Sempre defendi que o sistema deveria ter mais transparência.”

Bolsonaro negou ter feito pressões sobre o então ministro da Defesa Paulo Sérgio para a produção de um relatório sobre a lisura do sistema eleitoral. “Jamais pressionei seja o ministro que for”, declarou. “Não houve pressão em cima dele para fazer isso ou aquilo. O relatório dele contou com meu acordo.”

Veja: Após fim dos interrogatórios, Bolsonaro se diz ‘confiante’ sobre ser o próximo presidente do país

Mauro Cid

Mauro Cid foi o primeiro a ser ouvido pelo STF por ter fechado acordo de delação premiada. Durante o interrogatório, que durou cerca de 4 horas, Cid confirmou que, em novembro de 2022, depois de Bolsonaro ter perdido as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente recebeu a chamada minuta do golpe, um documento que previa a realização de um novo pleito.

Cid disse que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações no documento, que previa a anulação das eleições de 2022. Segundo ele, Bolsonaro teria “enxugado” o texto original, retirando trechos que mencionavam a prisão de autoridades do Judiciário e do Legislativo — algo que foi negado pelo ex-presidente.

Confira: Minuta do golpe, dinheiro vivo e pressão de militares: o que Mauro Cid disse ao STF

Esses nomes teriam sido retirados por Bolsonaro na tentativa de “suavizar” o decreto. Contudo, segundo Cid, Bolsonaro manteve o trecho que previa a prisão de Moraes, que à época era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“O presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento. E fez algumas alterações no documento. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões”, disse Cid.

A minuta, segundo Cid, previa ainda a criação de uma comissão eleitoral para organizar um novo pleito, mesmo após o resultado oficial que elegeu Lula. “Seria produzir uma nova eleição baseada numa eleição anulada”, afirmou.

Cid reafirmou que não foi coagido a delatar os casos. E que áudios com críticas à delação foram desabafos em meio a uma crise pessoal.

Mais: Moraes arranca risada de Cid após militar revelar que fazia memes do ministro

Alexandre Ramagem

Ouvido depois de Cid, Ramagem negou ter difundido documentos com críticas ao sistema eleitoral brasileiro. Ele afirmou que o material atribuído a ele, contendo desconfianças sobre as urnas eletrônicas, era um “documento privado” com “opiniões pessoais” que jamais foram compartilhadas oficialmente.

Um dos documentos foi identificado com o nome de usuário “aramagem” e, segundo o inquérito, teria sido criado em 10 de julho de 2021 e modificado pela última vez em 27 de julho daquele ano. O conteúdo apresenta uma narrativa voltada a desacreditar o processo eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.

“Tudo o que coloquei nesse documento são anotações pessoais, privadas. Não houve difusão ou encaminhamento. Era algo meu, com opiniões privadas, não oficiais. Não foi compartilhado com ninguém”, afirmou Ramagem.

Saiba mais: Ramagem nega espionagem por parte da Abin e diz que críticas às urnas eram ‘opiniões pessoais’

Almir Garnier

Segundo o almirante Garnier, não houve minuta de golpe de Estado, mas somente parte de uma análise do cenário político do Brasil, com informações, por exemplo, sobre caminhoneiros e do processo eleitoral.

“Não vi minuta, vi informações em tela de computador. Não recebi um documento”, garantiu.

Ele confirmou ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro após a derrota nas eeições de 2022, mas negou ter colocado as tropas à disposição para uma suposta manutenção do poder. “Nunca falei essa frase”, completou.

“O presidente [Jair Bolsonaro] tinha preocupação com pessoas que estavam insatisfeitas e estavam nos quartéis. Não se sabia para onde ia o movimento”, afirmou Garnier.

Em relação às reuniões após as eleições, Garnier explicou que a principal preocupação do então presidente e dos membros do ex-governo eram as “inúmeras pessoas que estavam, digamos assim, insatisfeitas e se posicionavam”.

Veja também: Garnier confirma reunião com Bolsonaro, mas nega ter colocado tropas à disposição

Anderson Torres

Moraes questionou Torres em relação às declarações dele sobre fraude no sistema de urnas eletrônicas. Também sobre falas agressivas que poderiam suscitar dúvidas sobre a agem de poder para Lula.

Torres afirmou que o material que chegou a ele era somente sobre melhoria das urnas.

“Tecnicamente, não temos nada que aponte fraude nas urnas. Quando era questionado pelo presidente, sempre falava que não tinha nada sobre o assunto”, confirmou.

Moraes também questionou sobre uma fala de Torres em reunião com Bolsonaro e outros ministros, dizendo que “todos iam se f***r”.

“Peço desculpas pelas palavras, era uma reunião fechada. Acabei me excedendo, não estava bem. O que eu quis dizer é que se perdêssemos as eleições, tudo seria perdido”, explicou Torres.

O ex-ministro também lembrou que estava em um parque de diversões na Flórida quando recebeu a notícia da invasão na Praça dos Três Poderes. “Mandei mensagem para o meu secretário e falei: ‘Não deixa chegar no Supremo’. Fiquei desesperado e liguei para todo mundo. A grande verdade é que o protocolo que deixei teve uma falha grave”.

E afirmou que a minuta do golpe encontrado na casa dele não era para ser discutido, que não sabe quem fez. “Eu levava documentos para casa, eu nem me lembrava desse documento. Foi uma surpresa quando a Polícia Federal pegou. Foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti isso”, garantiu.

Mais: Torres nega existência de provas de fraude e ite ‘falha grave’ em protocolo para conter 8/1

Augusto Heleno

O ex-ministro do GSI decidiu responder apenas aos questionamentos feitos pela defesa. Moraes aceitou a colocação, mas mesmo assim fez as perguntas.

Para a defesa, Augusto Heleno negou qualquer tipo de participação na tentativa de golpe. Disse que não tinha o que as investigações chamaram de “caderneta do golpe” e nem influenciou politicamente seus funcionários do GSI.

“Não havia clima para fazer pregação política e nem utilizar os servidores do GSI para atitudes politizadas”, disse.

Apesar de se dizer a favor do voto impresso, Heleno assegurou que não contribuiu para divulgar desinformação sobre fraude em urnas eletrônicas. “Não, não tinha nem tempo para fazer isso.”

Confira: General Heleno nega contribuir com núcleo de desinformação: ‘Não tinham nem tempo’

Paulo Sérgio Nogueira

Paulo Sérgio Nogueira começou o interrogatório pedindo desculpas por críticas ao TSE e a Moraes.

Ele explicou que, ao assumir o Ministério da Defesa em abril de 2022, ainda carregava uma postura ligada à sua formação militar. “Talvez, com aquela postura de militar, e vendo aos poucos que na Defesa as coisas seriam diferentes”, disse.

Leia também: Ex-ministro da Defesa repreende advogado em interrogatório: ‘Você não combinou comigo’

O ex-ministro também afirmou que o ex-presidente Bolsonaro jamais o pressionou para adiar ou modificar o relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022.

“Jamais o presidente da República me pressionou, seja para mandar um relatório só no segundo turno, seja para alterar o relatório. O que me deixa de cabeça quente é saber, pela denúncia, que eu havia alterado esse relatório. Isso não é verdade”, declarou Nogueira.

Veja: Bolsonaro nunca pressionou para adiar ou alterar relatório sobre urnas, diz ex-ministro da Defesa

Braga Netto

Walter Braga Netto negou ter tomado qualquer atitude para intimidar os chefes das Forças Armadas com o objetivo de pressioná-los a apoiar um suposto plano golpista. O militar pontuou, ainda, que caso fizesse algo relacionado, “falaria pessoalmente”.

“Jamais ordenei ou coordenei ataques contra qualquer chefe militar. Pelo relacionamento que eu tinha com eles, se tivesse algo a dizer, falaria pessoalmente. Não tinha contato para isso e não coordenei nenhuma ação desse tipo”, declarou o general.

Além disso, durante o interrogatório, o general Braga Netto descreveu o ambiente no acampamento em frente ao quartel-general do Exército em Brasília em 2022 e negou ter tido papel ativo na desmobilização das pessoas que ali estavam. Segundo ele, o local era pacífico e estruturado, com presença até de igrejas, por exemplo.

Ele negou a afirmação feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, de que teria entregue dinheiro vivo a ele em uma sacola de vinho. “Eu não tinha contato com financiadores, eu não tinha como arrumar dinheiro. Então, não é verdade. Eu não dei dinheiro para ninguém”, disse.

Leia: Braga Netto nega ter dado dinheiro vivo a Cid e discussão sobre intervenção militar

Braga Netto também negou ter feito pressão a chefes militares para eles aderirem a um suposto plano golpista.

Ele afirmou que nunca presenciou uma manifestação de direita que não fosse ordeira. Ele destacou que costuma alertar seus apoiadores sobre a importância de manter a ordem para preservar os valores defendidos pelo movimento.

“Eu nunca vi uma manifestação de direita que não fosse ordeira. Eu vou avisar porque falo para a direita: se quiser conservar o valor, é só saber se posicionar. Mas quando eu vi aquilo [atos do 8 de Janeiro], aquilo para mim, que eu vou resolver, aquilo que eu li, para mim foi vandalismo. O que eu vi para mim foi vandalismo”, declarou.

Mais: Braga Netto nega pressão a chefes militares para aderir a suposto plano golpista

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