Alemanha diz que Rússia se prepara para ‘testar determinação’ da Otan; entenda
Chefe da inteligência alemã alerta que Moscou planeja confrontos, como operações nos Bálticos, para desafiar a aliança ocidental
Internacional|Do R7

A Rússia está convencida a testar a determinação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), inclusive expandindo o confronto com o Ocidente para além das fronteiras da Ucrânia, disse o chefe do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha, Bruno Kahl.
A declaração foi dada em uma entrevista de Kahl ao site de notícias Table Media, segundo a agência Reuters. Durante a conversa, ele disse que a Ucrânia é apenas um “trampolim” na estratégia russa de desafiar a aliança transatlântica.
“Temos certeza, com base em informações de inteligência, de que a Ucrânia é apenas um o na jornada para o oeste”, disse Kahl.
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Ele afirmou que Moscou não planeja deslocar exércitos de tanques para o Ocidente, mas pode recorrer a táticas de guerra híbrida, como o envio de “homenzinhos verdes” — referência aos soldados russos sem identificação usados na anexação da Crimeia, em 2014 — para proteger minorias russas supostamente oprimidas em países como a Estônia.
O alerta de Kahl vem na esteira de declarações do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que, em evento no think tank Chatham House, em Londres, afirmou que o complexo militar-industrial russo produz armamentos em ritmo acelerado.
Segundo Rutte, a Rússia fabrica em três meses o equivalente ao que toda a Otan produz em um ano, incluindo 1.500 tanques, 3.000 veículos blindados e 200 mísseis Iskander apenas em 2025. Ele disse que Moscou pode estar pronta para usar força militar contra a Otan em cinco anos.
Investimentos em defesa
Os líderes da Otan, especialmente dos países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – têm expressado preocupação com as táticas híbridas da Rússia, que incluem operações secretas e desinformação.
Essas questões estarão no centro da cúpula da aliança em Haia, na Holanda, entre os dias 24 e 26 deste mês, onde Rutte espera que os membros concordem em elevar os gastos com defesa para 5% do PIB.
O secretário de Defesa dos Esados Unidos, Pete Hegseth, afirmou que há “quase um consenso” sobre essa meta após reunião de ministros da defesa em Bruxelas, segundo a Reuters.
A Alemanha, sob o governo do chanceler Friedrich Merz, já é a segunda maior fornecedora de apoio militar e financeiro à Ucrânia e prometeu intensificar a ajuda com o desenvolvimento de mísseis de longo alcance.
Segundo a Reuters, Kahl disse que autoridades russas questionam a validade do Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte, que garante defesa coletiva, e planejam confrontos que evitem engajamento militar direto para testar o compromisso dos EUA com a aliança.
Em meio a dúvidas sobre o comprometimento dos EUA com a Otan, Kahl afirmou que seus contatos com colegas norte-americanos indicam que eles levam a ameaça russa tão a sério quanto os europeus.
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