Polícia Federal e MPF investigam ‘sumiço’ de R$ 2 milhões das contas da prefeitura de Carmópolis de Minas (MG)
Recursos eram federais e seriam aplicados na saúde do município; prefeitura entrou com ação contra a Caixa Econômica Federal pelo ocorrido
Minas Gerais|Bruno Menezes, da RECORD MINAS

A Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) investigam o desaparecimento de R$ 2 milhões das contas da Prefeitura de Carmópolis e Minas, a 126 km de Belo Horizonte.
Os recursos são federais e fazem parte do Fundo Nacional da Saúde, que é destinado a aplicações e melhorias na saúde do município. Uma das suspeitas é que o sistema da Caixa Econômica Federal tenha sido invadido. A Prefeitura entrou com uma ação na Justiça contra o banco.
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O caso foi registrado há quase um mês, depois que quatro transferências suspeitas da conta do Executivo Municipal de Carmópolis de Minas foram identificadas.
Fontes ligadas à investigação do caso afirmam que o dinheiro teria sido transferido para contas de empresas com sede fora do Estado de Minas Gerais.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela prefeitura, servidores foram alertados das transferências suspeitas por meio de uma ligação do gerente do banco — que teria questionado se pagamentos com valores altos teriam sido executados pela prefeitura.
Ao todo foram quatro transferências, sendo uma de R$ 1,2 milhão, a segunda de R$ 145 mil, a terceira de R$ 200 mil e a última de R$ 500 mil.
Os servidores que costumavam fazer os pagamentos negaram transferências com valores altos. O boletim dá conta ainda que o gerente do banco orientou que fosse feita a contestação das transferências.
Um funcionário do setor de tecnologia da prefeitura verificou os computadores utilizados pelos servidores da tesouraria do Executivo e nenhuma anormalidade foi encontrada.
“O gerente do banco fez contato com uma servidora e falou sobre as transações suspeitas. Ela levou um susto. Fomos até o banco e, depois, à Polícia Civil para registrarmos boletim de ocorrência. A seguranca da conta tem que estar em primeiro lugar. Os recursos das contas eram todos para a saúde. Uma quantia desse tamanho faz muita falta e em algum momento pode afetar o serviço no município”, afirma o procurador-geral de Carmópolis de Minas, Wagner Rodrigo Rufino Borges.
Investigação
Por se se tratar de recursos federais, a Polícia Federal ou a investigar o caso. Na última segunda-feira (2), agentes estiveram na sede da Prefeitura de Carmópolis de Minas para recolher computadores para perícia.
O prefeito da cidade, Celinho da Saúde (União), informou que esteve na sede da Polícia Federal e do MPF para tratar do caso.
Em sessão na Câmara Municipal, o vereador e líder de governo na casa, Marcelo Freitas (UNIAO), afirmou que que investigações estão “caminhando”.
“Nós estivemos na Polícia Federal no dia 26 de maio e agora os computadores já foram recolhidos. É uma investigação que não acontece da noite pro dia. Tenho certeza de que rapidamente teremos uma resposta sobre o que aconteceu”, pontuou.
Justiça
Nesta sexta-feira (6), a Prefeitura de Carmópolis de Minas divulgou uma nota em que afirma que entrou com uma ação contra a Caixa Econômica Federal por conta das transferências. No texto, o Executivo afirma que “houve uma falha no sistema do banco que possibilitou a fraude”.
“Foi distribuída ação do Município de Carmópolis de Minas contra a Caixa Econômica Federal com o objetivo de responsabilizar a instituição pela falha de segurança que permitiu a prática de fraudes e crimes cibernéticos que causou prejuízo aos cofres públicos. Ressaltamos que todas as providências cabíveis foram tomadas, como registro de B.O., acionamento da polícia especializada em crimes cibernéticos e comunicação do fato criminoso ao Ministério Público Federal”, traz a nota.
Ainda de acordo com a nota, o banco teria estipulado um prazo para verificar o que teria ocorrido, mas, mesmo com o fim dele, não deu retorno.
“Foi também requerido junto à Caixa Econômica Federal a devolução de todo o valor transferido, sendo que a instituição Financeira deixou o prazo transcorrer sem resposta ao requerimento de devolução dos valores. Não restou outra alternativa, senão a distribuição da ação pedindo o ressarcimento do prejuízo”, finalizou a nota.
A reportagem do Portal R7 entrou em contato com a Polícia Federal, que afirmou que não comenta investigações em andamento. Um posicionamento do MPF também é aguardado.
Em um primeiro contato, a Caixa Econômica Federal informou que “monitora ininterruptamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar e investigar casos suspeitos de fraudes” e que “em caso de movimentação não reconhecida pelo cliente, o banco esclarece que é possível realizar pedido de contestação em uma das agências do banco, portando documentos de identificação”.
O banco esclareceu ainda que “as contestações são analisadas de forma individualizada e considerando os detalhes de cada caso. Para os casos considerados procedentes, o valor é ressarcido. Em conformidade com a Lei de Sigilo Bancário, o resultado é reado exclusivamente ao cliente”.
A reportagem solicitou um novo posicionamento ao banco sobre a ação da prefeitura e aguarda retorno.
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